Por: Nathan Cruz
01/2024
Balança comercial
Certamente, o ano de 2023 começou sob um grau elevado de incerteza, não apenas no âmbito interno, mas também diante de desafios externos. As projeções iniciais apontavam para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) próximo a zero, refletindo um cenário econômico complexo e repleto de desafios. No entanto, as primeiras análises do primeiro semestre revelaram uma reviravolta notável, com o setor agropecuário brasileiro emergindo como um catalisador surpreendentemente robusto do crescimento econômico. O desempenho excepcional desse segmento desafiou as expectativas iniciais, transformando-se em um motor significativo para a expansão econômica.
Sem dúvida, os números revelados até o momento pelo BCB demonstram de forma inequívoca o vigor e a resiliência da nossa balança comercial em comparação com o ano anterior. No período de janeiro a outubro de 2023 em relação ao mesmo período de 2022, registramos um notável aumento de 81%, evidenciando uma trajetória ascendente mesmo em meio a um contexto global de elevada inflação e, teoricamente, um consumo mais contido.
O fato do capital estrangeiro estar direcionando-se cada vez mais para o mercado doméstico brasileiro ressalta a confiança e o interesse crescente na solidez da nossa economia. Em um cenário em que a demanda global é afetada por desafios inflacionários, a preferência pelo mercado brasileiro destaca-se como um indicativo positivo de sua atratividade e estabilidade.
Isso reflete no país como o maior exportador de carne bovina e de frango, além de liderar na produção de soja, o Brasil continua a consolidar sua posição como protagonista nos mercados globais. Uma reviravolta adicional merece destaque, pois ultrapassamos os Estados Unidos como o principal produtor de milho em 2023. Isso não apenas reforça a diversidade e a competitividade de nossa produção agrícola, mas também impulsiona nossa presença global.Diante disso como digo há um bom tempo, a famosa frase “o Brasil é o país do Futuro” está obsoleta, somos o país do presente!
Participação da OPEP+
A participação do Brasil na OPEP+ tem gerado discussões e opiniões divergentes, com apoiadores e críticos expressando seus pontos de vista. O que é inegável, no entanto, é que o Brasil está consolidando sua relevância e presença em diversos acordos políticos, ganhando uma visibilidade internacional cada vez mais expressiva.
Desde 2016, o Brasil tem se destacado como o maior player da América Latina, impulsionado por uma atuação robusta no setor do pré sal e investimentos significativos na região nordeste, identificada como um promissor centro de potencial offshore. A ascensão do país como um ator-chave no cenário internacional já era antecipada por muitos, dada sua posição estratégica e sua atuação proeminente no setor.
O ano de 2022 testemunhou o Brasil alcançando a posição de 8º maior exportador de commodities do mundo, um marco notável que reflete a resiliência e a competitividade da economia brasileira. Este feito é particularmente significativo no contexto global, considerando os desafios e as dinâmicas em constante evolução do comércio internacional.
Olhando para o futuro, as projeções são igualmente promissoras. Com base no atual ritmo de crescimento e nas iniciativas estratégicas em andamento, o Brasil está posicionado para ascender ainda mais no ranking, almejando tornar-se o 5º maior exportador mundial de commodities até 2030. Esse potencial impressionante destaca a força atual da economia brasileira.
Inflação
Mark Twain certa vez disse que ‘a história não se repete, mas muitas vezes rima’. Essa máxima é particularmente evidente ao analisarmos a trajetória histórica do Brasil em relação às taxas de juros. Tradicionalmente, enfrentamos um ambiente caracterizado por taxas mais elevadas, e tal cenário não é mera coincidência.
A necessidade premente de controlar a inflação tem sido uma constante, embora nem sempre tenha se materializado conforme o desejado. Um fator crucial nesse contexto é a independência do Banco Central, conquista que apenas se concretizou em 2021. Esse marco representa um divisor de águas, conferindo maior autonomia e eficácia às políticas monetárias.
Com um banco central independente do Governo, conseguimos seguir a política monetária sem conflito de interesses, o que começa a mudar muitas políticas econômicas para sua principal função *controle de inflação* somando a isso, começaremos a praticar a partir de 2025 uma busca por controle da inflação por ano corrente e não mais ano calendário, algo praticado por muitos países desenvolvidos. Essa estratégia de controle de inflação anual proporciona flexibilidade e evita a necessidade de medidas drásticas que possam prejudicar a economia. Em vez de adotar soluções paliativas, o BACEN poderá implementar ajustes graduais, promovendo uma estabilidade mais sustentável ao longo do tempo não machucando tanto a economia.
Bom, não sei se você acredita em coincidência ou não, porém nos últimos 16 anos os únicos anos que nossa inflação controlou abaixo dos 4,5% (2007,2009,2017,2018,2019) a variação do IBOVESPA seguiu respectivamente +43,7%,82,7%,26,9%,15%,31,58%, e coincidência ou não o Boletim Focus projeta uma inflação para 2024 de 3,93%.
Não podemos talhar história em pedra porém nos dão um norte de como posicionar nossos investimentos.